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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Os ombros que suportam o mundo

Chega  um  tempo  em  que  não  se  diz  mais:  meu  Deus.
Tempo  de  absoluta  depuração.
Tempo  em que  não  se  diz mais:  meu  amor.
Porque  o  amor  resultou  inútil.
E  os  olhos  não  choram.
E  as  mãos  tecem  apenas  o rude  trabalho.
E  o  coração  está  seco.


Em  vão  mulheres  batem à porta, não  abrirás.
Ficaste sozinho,  a  luz  apagou-se, mas na  sombra teus  olhos  resplandecem  enormes.
És  todo  certeza, já  não  sabes  sofrer.
E  nada  esperas  de  teus  amigos.




Pouco  importa  venha  a  velhice,  que  é  a velhice?
Teus  ombros  suportam  o  mundo e  ele  não pesa  mais que  a  mão  de  uma  criança.
As  guerras, as  fomes,  as  discursões  dentro dos  edifícios  provam  apenas  que  a  vida  prossegue  e  nem  todos  se  libertam ainda.
Alguns, achando  bárbaro  o espetáculo,  preferiam (os  delicados)  morrer.
Chegou  um  tempo  em que  não  adianta  morrer.
Chegou  um tempo  em que  a  vida é  uma  ordem.
A  vida  apenas,  sem  mistificação


                                        Carlos  Drummond  de  Andrade

  

Pensando  nas  mazelas  da  vida, o nobre  poeta  retrata  a  vida  e  seu  desfecho  após  tantos  anos e  com  o  mesmo  estilo.  
Onde está  o  amor? A  famíliaA  fé?A  dignidade?O  respeito?
Onde  e  como  as  coisas  se  perderam, talvez  você  esteja  questionando  sua  rotina, ou  pode  ser  o  próprio  Atlas, tentando  carregar  o  mundo  nas  costas?
Você já  se  questionou  o  que  tem  feito.  Pare, esse   é  o  momento, faça uma reflexão  dos  seus  dias  e o que  tem feito  para  e  por  você.
Pense.  És  merecedor  da  alegria, fraternidade, felicidade, companherismo  e,  se  tem  feito  alguma  coisa  para  que isso aconteça  na  sua  vida.
Quando  temos  um  resultado  positivo  da chegada  de  um filho  todos  se  preparam, cuidamos  do  ambiente,  das  roupas,  da  casa. Seria  possivél  fazer  esse  mesmo  movimento  para  a  sua casa,  o  seu templo,  o  seu  corpo  e seu  espírito?

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